quarta-feira, 3 de junho de 2009

O trauma alemão...



Quando entrei na Faculdade encontrei um livro que havia sido bastante festejado. O assunto, claro, Hitler e Alemanha e Segunda Guerra Mundial. O título, completamente exagerado - Os carrascos voluntários de Hitler - já havia chamado minha atenção para algo que fugia à seriedade de um historiador. Para confirmar tudo, na página catorze, lia-se: Se não existisse Alemanha, não existiria Holocausto. Não vou entrar no mérito da questão. Mas no livro de Gitta Sereny, encontrei algumas assertivas que se coadunam perfeitamente com o que eu penso já há alguns anos. Assim, como perdi o respeito por Goldhagen já na décima quarta página, encontrei um alento na décima oitava do livro cuja imagem da capa coloquei aqui do lado. Lá, ela escreveu: "Precisamos aceitar e reconhecer, sem diminuir de modo algum o infortúnio e as dores de nenhum grupo de vítimas, que a morte veio para muitos; morte é morte, seja por enforcamento, seja por fuzilamento, seja em câmaras de gás. Perda é perda, seja dos judeus, seja dos membros de muitas das denominações cristãs, seja de quem for". Foi dessa forma que ela iniciou o livro no qual, por meio de algumas análises de caso e de experiências pessoais ela analisa casos famosos e trata de suas experiências pessoais construindo uma história fascinante acerca do período por ela estudado. O entendimento que ela expôs a respeito de um dos julgamentos foi surpreendente. Ela mostrou claramente como estes últimos foram muito mais complexos e envolviam muitos fatores além da própria culpa (ou não) dos réus. Por tratar de assuntos polêmicos de maneira tão sensata e equilibrada, este livro se constitui num marco para o estudo tanto no nazismo quanto da guerra.

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