segunda-feira, 22 de junho de 2009

Os estupros de mais de dois milhões de alemãs e a estupidez dos políticos e militares norte-americanos são os dois assuntos que mais me chamaram a atenção nesse grande livro de Antony Beevor. No primeiro caso, os soldados soviéticos foram impiedosos mesmo com as russas que trabalhavam na Alemanha, vítimas da agressiva política nazista de "voluntariado"...No segundo, o autor mostra como os norte-americanos tiveram um entendimento obtuso do que estava ocorrendo na Europa e nas consequencias das conquistas russas para o pós-guerra...Beevor mostra como eles foram crédulos e ingênuos ao acreditar na promessa de uma Polônia livre e ressalta a postura sempre dissonante de Churchill, no que concernia à política stalinista. É um livro fundamental para entender o fim de uma era, o fim de uma tragédia e, principalmente o início de uma nova guerra...com ele, pode-se entender também o motivo pelo qual Stalin sempre sorria nas fotos nas quais figurava...havia vencido não só os alemães, mas todo o Ocidente!

sábado, 13 de junho de 2009



O livro de Frank McCann é, no mínimo, corajoso. Primeiro, porque trata de uma instituição que, no Brasil, esteve no centro de todos os principais acontecimentos políticos e segundo, porque ele dá, aos fenômenos sociais que analisa, os nomes que eles realmente merecem. Assim, enquanto a maior parte da historiografia brasileira rejeita a classificação de golpe para a Proclamação de Deodoro, o autor é incisivo ao taxa-la de golpe. Da mesma maneira, ao estudar os antecedentes do Estado Novo, conclui que a aliança entre Getúlio Vargas e os generais Eurico Gaspar Dutra e Góis Monteiro ocorreu em virtude da defesa nacional e que fora essa confluência de pensamentos comuns que sedimentaram a idéia do golpe de 1937. Ainda sobre o Estado Novo, Mccann conclui, que o exército teria desempenhado a partir desse momento, o papel de poder moderador da sociedade. Essa análise ele expandiu a partir da idéia de Ronald M. Schneider, que, por outro lado, via essa influência já em 1889. Em suma, trata-se de obra essencial para entender não só o desenvolvimento - tortuoso - mas também o papel que as forças armadas brasileiras exerceram nos principais momentos políticos do Brasil entre o final do século XIX e o início do século XX.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Creta


Neste livro, Antony Beevor mostra como se deu a conquista - série de erros britânicos - e a derrota dos alemães - consequência de sua incapacidade já no final da guerra - nesta ilha que tinha uma importância estratégica no Mediterrâneo. Impressiona as informações preciosas que os ingleses possuíam em virtude do Ultra, sistema que foi fundamental para a vitória aliada. Foi por meio dele que todos os dados da invasão, como número de soldados, de aviões, local de pouso dos paraquedistas, enfim, todas as informações foram transmitidas aos defensores de Creta. O apêndice C, dá alguns exemplos de como essas mensagens eram enviadas - elas tinham de ser destruídas depois de lidas pelos comandantes pois o segredo era condição sine qua non para o sucesso. O final do livro, em que um ex-combatente alemão visita o cemitério construído em 1974 na ilha e reencontra um antigo morador e membro da resistência demonstra como foram complexas as relações humanas durante esse período em que a vida foi posta em suspenso em nome da causa.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

The era of ideologies!!!



Hoje, terminei mais um grande livro. Grande na qualidade e nas análises que o autor apresenta para os principais fenômenos do século vinte. Contrariamente aos que pensam que as ideologias tiveram um fim - assim como os entusiastas da tradição de Fukuyama - Karl Dietrich Bracher demonstra como, desde o século XIX, as ideologias políticas permanceram no centro do debate e da luta pelo poder. Para citar um só exemplo, segundo ele, depois da Grande Guerra, três correntes políticas interpretaram equivocadamente as consequencias daquele evento: o comunismo, o fascimo e o nazismo. Da luta entre elas adveio a segunda guerra mundial...e assim ele mostra como essas lutas passam pelas diferentes sociedades através dos tempos. Para evidenciar essas conclusões Bracher não permanece na postura eurocêntrica dos problemas. Ele parte sim do velho continente, todavia, elenca uma série de outros países tanto na ÁFrica como na Ásia e na América Latina que corroboram os exemplos a que recorre para sustentar suas convicções. Como disse o professor Hélio: "um pouco de teoria, para subir...". Essencial para subir e para todos aqueles que pretendem compreender esse período da história que já recebeu várias classificações: era dos extremos(Hobsbawm), dos fascismos (Nolte)....
PS: Fukuyama já realizou o gesto do mea culpa, mea maxima culpa...

quarta-feira, 3 de junho de 2009

O trauma alemão...



Quando entrei na Faculdade encontrei um livro que havia sido bastante festejado. O assunto, claro, Hitler e Alemanha e Segunda Guerra Mundial. O título, completamente exagerado - Os carrascos voluntários de Hitler - já havia chamado minha atenção para algo que fugia à seriedade de um historiador. Para confirmar tudo, na página catorze, lia-se: Se não existisse Alemanha, não existiria Holocausto. Não vou entrar no mérito da questão. Mas no livro de Gitta Sereny, encontrei algumas assertivas que se coadunam perfeitamente com o que eu penso já há alguns anos. Assim, como perdi o respeito por Goldhagen já na décima quarta página, encontrei um alento na décima oitava do livro cuja imagem da capa coloquei aqui do lado. Lá, ela escreveu: "Precisamos aceitar e reconhecer, sem diminuir de modo algum o infortúnio e as dores de nenhum grupo de vítimas, que a morte veio para muitos; morte é morte, seja por enforcamento, seja por fuzilamento, seja em câmaras de gás. Perda é perda, seja dos judeus, seja dos membros de muitas das denominações cristãs, seja de quem for". Foi dessa forma que ela iniciou o livro no qual, por meio de algumas análises de caso e de experiências pessoais ela analisa casos famosos e trata de suas experiências pessoais construindo uma história fascinante acerca do período por ela estudado. O entendimento que ela expôs a respeito de um dos julgamentos foi surpreendente. Ela mostrou claramente como estes últimos foram muito mais complexos e envolviam muitos fatores além da própria culpa (ou não) dos réus. Por tratar de assuntos polêmicos de maneira tão sensata e equilibrada, este livro se constitui num marco para o estudo tanto no nazismo quanto da guerra.