Há situações na vida que só entedemos quando passamos...estudando a Segunda Guerra Mundial, encontrei um depoimento de uma jornalista que narrava, da Inglaterra, como o conflito arrasava a vida das famílias. O texto saiu no jornal O Estado de S. Paulo do dia 12 de janeiro de 1940. Nele, lia-se: "Meu filho de sete anos perguntou-me: Eles não me farão mal não é verdade? Eu sou pequeno, não posso lutar contra eles. Acrescentou depois de longa e penosa meditação: Se houver um bombardeio e uma bomba me pegar, posso segurar a tua mão até morrer? Quando me operaram não tive medo de dormir porque seguravas a minha mão...(...) Tínhamos todos a sensação de que ainda havia a possibilidade de se manter a paz. Entreolhamo-nos atônitos quando ouvimos a notícia de que a guerra era inevitável. Voltei o rosto a fim de esconder as minhas lágrimas. Que perspectivas se abriam à minha frente! Teria de guiar quatro crianças durante a guerra, sem perder o domínio dos nervos e alimenta-las, mesmo com a escassez de víveres. Senti, repentinamente a pesada carga que caia sobre meus ombros." Nessa semana, minha filha quebrou o braço. Vi tudo acontecer e sabia que era grave. No hospital, quando o medo a consumia, ela olhou pra mãe e disse, lágrimas nos olhos: mamãe, segura minha mão! Fiquei paralisado, imaginando o que ela estava sentindo. Lembrei imediatamente desse texto que traduz o sentimento mais puro e verdadeiro de pessoas tão inocentes...quando penso atualmente nessa hecatombe, procuro olhar não só os números e estatícas, procuro entender não só a destruição de cidades e populações. Busco, em cada página do jornal, os menores indícios que deixam claro como essa tragédia modificou a vida das pessoas...como ela os traumatizou; porque, para além da frieza dos números, está algo humano, demasiado humano...e é isso o que me preocupa atualmente!
sexta-feira, 29 de maio de 2009
domingo, 24 de maio de 2009
Albert Speer no café da manhã...
Todos os dias quando acordo e sento-me à mesa para tomar o café da manhã olho do meu lado direito, local onde se encontra meu guarda-livros, e deparo-me com o volume de Gitta Sereny, Albert Speer, sua luta com a verdade. Nenhum livro até hoje, nem sobre nazismo, nem sobre Segunda Guerra Mundial deixou uma impressão tão profunda em mim como esse. A luta a que a autora se refere é contra Speer ter conhecido ou sublimado o conhecimento que talvez possuísse sobre a Endlösung, ou, Solução Final. Na imensa obra, Gitta mostra como ele esteve presente nos momentos mais importantes do Terceiro Reich e como era, em determinados momentos, a pessoa mais próxima do Führer. Outra fascinante característica desse livro é que nele, ela mostra com ampla documentação, como as ordens eram caóticas e como a centralização burocrática poderia ser rompida com uma simples intriga. Quando termino a refeição, saio da mesa, lembro-me do conteúdo do livro, e permaneço com as mesmas dúvidas: ele sabia? compactuou com tudo aquilo? como ele se sentiu depois do fim...uma explosão de sentimentos passa pela minha cabeça. Penetrar nos pensamentos de Albert Speer, foi algo que Gitta Sereny conseguiu, mostrando como Speer sofreu e sofria com tudo aquilo. A capa do livro, com ele olhando pela janela, como se buscasse algo além, deixa muito claro ao leitor a essência do livro...desconcertante!!!
Rendição incondicional...
Diferentemente das últimas trilogias do cinema, em que os derradeiros filmes são os piores e mais decepcionantes, na obra de Waugh, o terceiro livro encerra com grande estilo a história de Guy Crouchback. Em foco, a fuga dos alemães da Fortaleza Europeia e, principalmente, dos Bálcãs, onde os partisans de Mihailovich e Tito travam uma luta paralela pelo poder, tendo ao fundo, um outro conflito: o dos ingleses e russos pela influência naquela região. Em uma das passagens mais contundentes contra a presença e o domínio soviético na Europa, lê-se "os alemães parecem incapazes de detê-los. Eu preferiria ver os japoneses na Europa; pelo menos, eles têm um rei e algum tipo de religião." Ao final, tudo parece dar certo na vida do personagem principal mas sente-se um ressentimento pelo futuro do continente e pela perda de prestígio da Inglaterra. Leitura essencial para compreender como os 'Aliados' divergiam entre si e como a política determinava os rumos no final da guerra.
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Oficiais e Gentlemen...
Neste segundo livro, o autor narra as desventuras dos que ele denomina "verdadeiros heróis da Segunda Guerra Mundial". As fugas no Oriente Próximo e, principalmente, a situação desastrosa em Creta, é o pano de fundo dessa continuação da série. Crouchback, o protagonista, vive momentos de grande euforia e desencanto, conhecendo novos coronéis, sargentos, majores...apenas mais nomes na vasta constelação do exército britânico. Evelyn Waugh tem o indubitável mérito de descrever com a mais refinada ironia certos rituais cotidianos, como a mania de transcrever os combates em termos mais que elogiosos e acentuar a cegueira da burocracia britânica. Depois de dois livros onde as derrotas foram inúmeras, vamos ao último e decisivo episódio dessa jornada pelos acontecimentos desse catastrófico evento do século XX.
terça-feira, 5 de maio de 2009
Homens em armas...
Acabei de ler primeiro livro da trilogia de Evelyn Waugh, A Espada da honra. O livro se chama Homens em armas. Evidentemente que se trata de uma trama durante a Segunda Guerra Mundial, mas o mais interessante é que, apesar do título, as armas não são utilizadas e nem os soldados lutam ou travam batalhas que os celebrizariam no futuro...na verdade, eles não fazem nada além de ir e vir ao sabor das ordens superiores. Como o livro retrata a Inglaterra dos anos de 1939-40, os soldados não fazem muito devido a Sitzkrieg, ou guerra sentada, período em que não ocorreram batalhas entre os inimigos ocidentais. O ponto forte desse primeiro livro são as ironias e as interpretações sobre assuntos polêmicos como a não declaração de guerra à Rússia e às razões que levaram a Inglaterra ao conflito. Um bom começo para uma série que promete...
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Cartas...
Li na Folha, recentemente, um artigo do João Pereira Coutinho sobre cartas...sobre o hábito de escrevê-las que está se tornando raro. É realmente uma pena que tenhamos - a culpa é de todos - nos tornado avessos a essa prática. Nesses últimos dias pensei nisso quando, por preguiça, concluí que escrevo velozmente digitando com todos os dedos enquanto levo horas para desenhar a letra legível (será que consigo???) no papel...(a minha eterna namorada diz que adorava as minhas cartas porque cada vez que lia entendia algo distinto...). De qualquer forma, fica aqui o meu Mea Culpa...e o convite aos amigos que escrevam pra mim...
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