quarta-feira, 8 de abril de 2020

Terceiro Reich: na história e na memória, de Richard J. Evans

A obra em questão, publicada no Brasil em 2018, é uma ótima oportunidade de aprendizado para todos aqueles que se interessam pela temática da Segunda Guerra Mundial e da experiência nacional-socialista, em particular. O historiador inglês Richard J. Evans, dono de uma vasta gama de livros sobre o assunto, pontua nesta ocasião, diversos conceitos e viradas historiográficas que ocorreram ao longo do período pós-Segunda Guerra. O autor dividiu a obra em sete capítulos e cada  um deles possui uma série de outras subdivisões que apresentam as observações de Evans sobre os assuntos mais variados tais como: a economia alemã, a solução final e a produção do Fusca dentre outros. O maior valor do livro, todavia, não reside na variedade das temáticas mas sim nas atualizações historiográficas que o autor avalia e discute. Temas como Zustimmungsdiktatur (ditadura por consenso) e a Volksgemeinschat (comunidade do povo), para dar apenas um exemplo, são expostos e debatidos com base nas leituras de Evans dos autores mais expressivos. O autor não se furta a criticar, todavia, com veemência os trabalhos de seus colegas da academia, como fez com o odioso trabalho de Daniel J. Goldhagen (Os carrascos voluntários de Hitler, 1997) e, para surpresa de muitos, de Timothy Snyder (Terras de sangue: a Europa entre Hitler e Stalin, 2012). Seja apontando as generalizações, as dubiedades ou, ainda, o desconhecimento de alguns autores sobre a historiografia de língua inglesa sobre determinado assunto, Evans não teme polêmicas e atua com bastante rigor em suas críticas, sempre muito pertinentes e fundamentadas. Uma decepção é o tratamento da questão da memória, pouco presente nos capítulos do livro e destacada na capa. Essa ausência resulta em perda muito maior quando se imagina o que um historiador como Evans poderia propor ao analisar um tema dessa natureza embasado nas discussões historiográficas que ocorreram ao longo do tempo! Entretanto, trata-se de uma obra muito interessante que, ao longo de suas quase 500 páginas, discorre sobre os temas mais debatidos na historiografia com rigorosa e densa análise. É praticamente um Reader daqueles que o leitor encontrava uma bibliografia comentada sobre algum grande tema. E valerá muito à pena consultá-lo, sempre! 

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